METAL BRASILEIRO: TEMPERO BRASILEIRO
NA CONSTRUÇÃO DE RIFFS DE METAL
por
Alexandre de Orio*
Apresento aqui um pequeno recorte de
algumas ideias contidas no meu livro Metal
Brasileiro: Ritmos Brasileiros Aplicados na Guitarra Metal. Novos Caminhos para
Riffs de Guitarra. Volume 1 – Samba Metal, que em breve será reeditado pela
Editora Tipografia Musical, na versão em inglês primeiramente.
Como
o título do artigo sugere, há uma fusão entre a ginga do samba, por causa de
seu ritmo muito sincopado, com a agressividade do metal, o que resulta em um
“sotaque” diferente. Em algumas turnês pela Europa e contatos com músicos
estrangeiros, uma das coisas que sempre comentam e apontam, com grande
curiosidade, é esta questão: mesmo num gênero como o metal é possível
identificar certa “brasilidade”.
O
tema abordado desta vez, será uma das figuras rítmicas mais executadas no
samba, tocada principalmente pelos tamborins,[1] trata-se
da célula rítmica chamada telecoteco.
A
primeira dica que dou, é incorporar a frase abaixo, primeiramente solfejando,
pois a rítmica está embutida na frase falada. Repare na acentuação das sílabas “te”
e “le”, pois originam basicamente essa figura rítmica, enquanto as sílabas
“co”, são praticamente uma ghost note.
* A escrita do samba em geral é 2/4,
porém, muitas vezes optamos aqui por frases em 4/4 por descreverem ciclos quaternários.
APLICAÇÃO
Agora,
mostrarei algumas formas de execução na guitarra utilizando essa figura
rítmica. Os exercícios demonstrados aqui são um ótimo estudo de desenvolvimento
técnico voltado na execução de riffs
de metal e desenvolvimento rítmico.
Palhetada
para baixo –
todo riff será tocado somente com
palhetadas descendentes. Ela exige muita resistência.
Repare que aquela figura rítmica gerada pela acentuação
do “te” e “le” (descrita acima) estarão no powerchord
de Fá, enquanto todas as outras subdivisões da semicolcheia serão tocadas na
nota Mi, da sexta corda solta.
Obs.: Atenção ao abafar as cordas
soltas e não abafar a acentuação nos powerchords.
É um ótimo estudo também para iniciantes que estão
aprendendo tocar ora abafado ora não.
Palhetada
Alternada – utilizando
somente o movimento alternado da mão direita. Aqui as acentuações dos riffs ora caem com o movimento
ascendente ora com o descendente. Este é um ótimo treino para conseguir manter
a pegada independente do movimento para cima ou para baixo. Preste atenção
nisso, para que consiga uma sonoridade uniforme.
Palhetada Mista
(dobrando o ritmo) – aqui há uma mistura dos movimentos, que ora repete a
palhetada para baixo, ora a alterna. Este exemplo dá para ser tocado bem rápido
e soa brutal. Atenção novamente às notas abafadas e não abafadas.
Palhetada Tripla
– outra forma muito
exigida em riff de metal,
principalmente no gênero Thrash Metal. Chamo de palhetada tripla por consistir
em três toques bem rápidos.
Espero que tenham curtido e incorporado essa figura rítmica bem brasileira! Um próximo passo, e talvez o mais divertido, seria utilizar as propostas acima para o desenvolvimento no processo criativo, portanto, crie o seu próprio riff ou parte de uma música utilizando essas ideias! Até uma próxima dica!
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