Mário: estou ainda tonto com seu livro. É uma história fascinante,
de uma coragem raríssima, você foi além de Henry Miller. As partes eróticas são
excelentes. Muita coisa me falou de perto, pois vivi naquela BH, dei aulas no
Estadual, frequentei o CEC e conheci aquelas pessoas mencionadas. Vivi, de
outra maneira, essas crises dos sec. 20/21. Se fosse escrever um ensaio pegaria
aquelas muitas definições de "narrativa" que você oferece e que são
riquíssimas. Também acho que vivemos dentro narrativas (e já escrevi algo a
respeito). Sua capacidade de ser verdadeiro, me lembra o que Mário de
Andrade disse ao Fernando Sabino, e que acabou resultando no " Encontro
Marcado": cair de quatro. Você caiu de quatro e essa é a sua glória. E as
citações fluem naturalmente, algo vivido, sentido, não são artificiais. Você
fez algo notável, espero que a crítica faça justiça ao seu talento.
Affonso Romano de Sant'Anna
(Escritor)
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Acabei de ler seu livro nesse instante e me apresso a lhe
escrever, pois estou bastante impressionada com a sua genialidade, seu erotismo
"singelo"(tudo o que você descreve no sexo fica natural), sua
erudição profunda, enfim seu amplo conhecimento das artes, da literatura, da
filosofia, da antropologia, das religiões, da política, da história, enfim do
"zeitgeist" do nosso tempo, de tudo o que vivemos e o que você
experimentou - eu fiquei muitas vezes mais como espectadora. Meus parabéns.
Minha vontade é de que ele fosse traduzido para todas as línguas para que o
mundo todo tomasse conhecimento de uma pessoa que vive num país distante, mas
que acompanha tudo o que se passa e se passou em todos os tempos.
Vilma Botrel
(Doutora em Letras Germânicas pela
USP, com trabalho sobre Bertolt Brecht. Professora aposentada da FALE/UFMG, em
e-mail dirigido ao autor)
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Me permito achar que o livro vai além das citações e mesmo
do erotismo. É um livro de PAIXÃO pela palavra e pela escrita. Mário é um POETA
lidando com a ficção em forma de gozo. Vamos para os próximos!
Luiz Rosemberg Filho
(Cineasta)
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A EXPLOSÃO E O SUSPIRO ou um corpo que cai, com este belo
título, o autor Mário Alves Coutinho constrói um romance que mescla memórias da
época da ditadura, citações de seus autores prediletos, sobretudo William
Blake, D. H. Lawrence e James Joyce, e uma linda história de um amor. Um dos maiores
tabus da humanidade, a relação incestuosa, é abordado de maneira corajosa. Pode
chocar alguns, mas é, antes de tudo, o relato de uma paixão, extremamente bem
escrito. Numa história de amor, tudo é permitido.
As páginas mais bonitas são aquelas que o jovem, semivirgem,
descobre o amor e o sexo em sua plenitude. O despertar do amor pelo sexo
feminino, relatadas com palavras que podem ser chamadas de cruas, são de um
erotismo que beira o lirismo. Mário não hesita em descrever os detalhes mais
íntimos do corpo feminino. Com paixão e admiração pela beleza que acaba de
descobrir. O relato inebriado nos remete ao mesmo tema mostrado, nas artes
plásticas, por Gustave Courbet no seu quadro “A Origem do Mundo”, em exibição
no Museu D’Orsay, em Paris. Ambos, escritor e pintor, foram cativados por essa
beleza que não se cansam de louvar e decantar. Nós, mulheres, agradecemos.
Estamos na origem do mundo!
Lucia Helena Monteiro Machado
(É formada em Psicologia e autora de
vários livros, entre os quais, “Paris para brasileiros”, “A França que eu amo”,
“A Espanha que eu amo”, “Conheça Florença”, “A filha da Paciência”, “Mulheres
Incríveis e outras histórias” e “Retratos em busca de uma história”)
*****
Após publicar livros com traduções de grandes poetas ingleses
(Blake, Lawrence), belos ensaios cinematográficos sobre sua admiração maior,
Jean-Luc Godard, e escrever roteiros para filmes de longa e curta metragens
(três deles dirigidos por mim), Mário Alves Coutinho, intelectual inquieto,
sempre em busca de novas experiências, voltou suas baterias para a literatura
de ficção. Assim surgiu “A Explosão e o Suspiro ou Um Corpo que Cai”, seu
primeiro romance.
Nossa geração sofreu na carne as agruras provocadas pela
ditadura que dominava o Brasil. Amigos mortos ou exilados, a falta de
liberdade, o medo e a clandestinidade – são dados que marcaram nossas vidas.
Natural, portanto, que tudo isso estivesse à origem desta sua obra, que relata
com extrema sensibilidade e argúcia aqueles tempos muito difíceis. Só isso já justificaria
uma leitura atenta e interessada do livro, que relembra alguns fatos vividos
por Mário, somados a outros sobre gente da qual ele ouviu falar e, claro, à
imaginação que caracteriza todo bom escritor.
Mas não basta saber escrever para criar literatura. É
preciso estar em sintonia com seu tempo e, sobretudo, conhecer as ferramentas
do seu ofício. Mário, leitor contumaz, aprendeu com os mestres dessa arte e
produziu uma obra que, sobretudo, se afirma como grande literatura, em um país
e uma época que muito precisam disso.
Paulo Augusto Gomes
(Cineasta e ensaísta, autor de
“Idolatrada”, corroteirizado por Mário Alves Coutinho, “O Circo das Qualidades
Humanas”, em parceria, e do livro “Pioneiros do Cinema em Minas Gerais”)
*****
Acabo de ler com encantamento seu romance poético,
erótico, erudito, cinematográfico, político, mitológico, psicanalítico,
transgressor... uma aposta (apostólico? apoteótico?) na plenitude da vida e
como negação da morte.
Anita Vitorino de Castro
(Psicóloga)
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Gostaria de comentar sobre sua
narrativa. Como narrativa de memória, tem todos aqueles comentários do
"não tenho certeza", "acho", "se bem me lembro",
que são parte essencial desse tipo de narrativa. Como estudante da teoria da
memória (ou das memórias, já que há diversos approaches) gostei muito da forma
como foi usada, com indas e vindas do presente para o passado e vice-versa, com
pulos cronológicos mas tendo explorado bem o kairós.
A narrativa foi também muito bem
elaborada nos focos, no stream of consciousness, nas referências (como eu disse
antes, nem todas descobertas por mim, pois tudo vai depender do universo de
cultura e leitura do leitor), mas até onde eu as traduzi, muito pertinentemente
usadas. Se posso dar um palpite, achei desnecessário listar as fontes que usou,
pois a partir de Compagnon, o leitor é quem deve decifrar de qual texto você
buscou qual citação ou referência. É um quebra-cabeça que o leitor pós-moderno
deve decifrar sozinho – e às vezes é um estímulo para ele buscar as fontes.
A narrativa da busca é fantástica.
Quanto à temática, é um mergulho na história da segunda
metade do século, com as questões políticas, culturais, mudanças de
comportamento, etc., que se deram com tanta rapidez naqueles momentos. Foi um
mergulho também na minha história, na nossa história, levando a uma inserção na
história cultural de nosso povo brasileiro, além de trabalhar com as questões
de imigração, desterritorialização, a solidão da diáspora, a busca da
identidade.
Parabéns pelo livro. Esperamos novas contribuições.
Magda Velloso
(Doutora
em Literatura Comparada, professora aposentada de Literaturas de Língua Inglesa
da UFMG e UFSJ, autora de diversos artigos em periódicos especializados)
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Só
posso dizer que estou gostando muito, tanto da narrativa em si como do seu
estilo, além da identificação temporal e ideológica com o enredo.
Só
acho que seu "orelhista" Werneck não lhe faz justiça ao destacar em
demasia a erudição de seu texto. Isso de fato existe, não se pode negar, mas ao
contrário do que seria de se esperar, não atrapalha em nada a comunicação com o
leitor. E aqui fala um leitor exigente com este aspecto, alguém que tem que ser
capturado nas primeiras linhas, sob pena de abandonar a leitura.
Flavio Goulart
www.veredasaude.wordpress.com
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