Hoje, 31 de janeiro de 2017, celebramos os 220 anos de nascimento do compositor austríaco Franz Schubert (1797-1828).
Prestamos nossa homenagem com uma série de
"aforismos" extraídos de suas cartas, selecionados e traduzidos por
Mário Alves Coutinho.
Alguns pensamentos do compositor austríaco afinam-se perfeitamente à voz contra a intolerância de nossos tempos.
Alguns pensamentos do compositor austríaco afinam-se perfeitamente à voz contra a intolerância de nossos tempos.
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Eu
vivo e componho como um deus.
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Meu
coração transbordou com infinito amor por aqueles que estavam escarnecendo-o.
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O
homem é como uma esfera, um brinquedo do acaso e da paixão.
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O
mundo é como um palco, onde cada homem tem seu papel a desempenhar.
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O
cérebro deveria ser, mas, na verdade, o coração é o soberano. Aceite as pessoas
como elas são, não como deveriam ser.
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O
homem suporta o infortúnio sem reclamar, e por causa disso mesmo sente maior
dificuldade em aguentá-lo.
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A
educação civilizada e a sinceridade humana estão tão longe uma da outra como os
antípodas.
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O
homem nobre experimenta, tanto no infortúnio como na prosperidade, a
experiência radical de ambas.
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Estou
sozinho com minha bem-amada [música], e devo escondê-la no meu quarto, no meu
piano e dentro do meu coração. Ainda que isso seja as vezes bastante
deprimente, por outro lado, me inspira em direção à grandeza.
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O
que um artista gosta mais é de ficar sozinho.
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Nunca
usarei os meus mais íntimos sentimentos para ganhos pessoais ou políticos: o
que sinto no mais íntimo de mim mesmo, eu dou ao mundo...
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Quando
eu quis cantar o amor, ele se transformou em sofrimento; quando quis cantar o
sofrimento, ele foi transformado em amor.
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O
sofrimento aguça o entendimento e dá força à personalidade.
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Detesto,
com todo meu coração, esta estreiteza de espírito, que faz com que tantas pessoas
acreditem que o que elas pensam e fazem é o melhor e o resto não tem valor.
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Ninguém
para sentir a dor do outro, ninguém para entender a alegria de outra pessoa! As
pessoas imaginam que podem se tocar: na verdade, elas somente conseguem se
ignorar.
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Tudo
que criei, nasceu da minha compreensão da música e do meu sofrimento.
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Somente
um passo separa o sublime do ridículo e a maior sabedoria da maior estupidez.
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O
homem vem ao mundo armado com a fé, que é muito superior ao conhecimento e à
compreensão: para entender qualquer coisa a gente precisa, primeiro, acreditar
nela. A fé é o fundamento no qual o intelecto mais fraco constrói o primeiro
pilar da convicção.
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Razão
não é outra coisa senão crença analisada.
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Imaginação!
O maior tesouro do homem, fonte inexaurível na qual Arte e Aprendizagem vêm
beber! Fique conosco, ainda que reconhecida e venerada somente por poucos, de
maneira que possamos ser salvaguardados do assim chamado iluminismo, este
esqueleto horroroso, sem carne ou sangue!
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Nero
invejável! Fostes forte o bastante para destruir um povo corrupto com o som de
instrumentos de corda e uma canção!
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Sempre
procuramos o lugar onde encontrarmos a felicidade antes, mas em vão, porque a
felicidade só pode ser encontrada dentro de nós mesmos.
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Fiquei
sabendo que você não está feliz? Que você tem que restabelecer-se de um ataque
de desespero?... Não estou nada surpreendido, pois esse é o destino das pessoas
mais inteligentes neste mundo terrível. E, no final das contas, qual o uso que
pode ter a felicidade, quando o único estímulo que nos foi deixado é o
infortúnio?
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O
caráter tedioso da vida já ganhou uma aderência enorme sobre nós.
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Meu
sentimento religioso não é nunca forçado, e eu nunca componho hinos ou
preces... a não ser que eu seja involuntariamente dominado por um
sentimento de devoção, e aí o sentimento é, de uma maneira
geral, genuíno e sincero.
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Do Livro:
Franz Schubert's Letters and Other Writings.
New York: Vienna House, 1974.
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