Aforismos de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)
Seleção e tradução de Mário Alves
Coutinho
...
sei o meu dever... (1769, carta à mãe)
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(...)
a vontade de Deus é sempre a melhor e Deus sabe mais do que nós, sem dúvida, se
é preferível estar neste mundo ou no outro. (1770, carta à mãe)
*****
Acima
de nós mora um violinista, abaixo, um outro, próximo vive um professor de canto
que dá lições, e no último quarto, a nossa frente, está alguém que toca oboé.
Isso é delicioso para um compositor: são muitas as ideias que uma situação como
essa proporciona. (1771, carta à irmã)
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Quando
tentou harmonias, ele produziu somente dissonâncias, pois estava desafinado. (1777, carta ao pai)
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Eles
certamente pensam que devido ao fato de eu ser pequeno e jovem não pode existir
nada grande ou venerável dentro de mim, mas em breve eles verão! (1777, carta ao pai)
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Não
sou descuidado, estou apenas preparado para tudo e, portanto, posso esperar os
acontecimentos com paciência – e posso resistir a qualquer coisa (...). (1777, carta ao pai)
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(...)
a felicidade mantém-se somente na imaginação. (1777, carta ao pai)
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Amigos
que não têm religião não podem durar. (1778,
carta ao pai)
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Posso
muito facilmente assimilar e imitar qualquer tipo e estilo de composição. (1778, carta ao pai)
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Não
ouso e não posso enterrar, ensinando música, o talento que o bom Deus tão
fartamente concedeu a mim – posso dizer isso sem orgulho, pois sinto isso agora
mais do que nunca (...). (1778, carta ao
pai)
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Sou
um compositor, nascido para ser um regente de orquestra. (1778, carta ao pai)
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Depois
de Deus vem meu papai – esse sempre foi o meu lema, o axioma da minha infância,
e ainda obedeço-o agora! (1778, carta ao
pai)
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Aprender
é poder. (1778, carta ao pai)
Dê-me
o melhor teclado da Europa, com uma audiência que não entende nada, que não
deseje entender nada e não sinta junto comigo o que estou tocando: não terei
nenhuma alegria nisso! (1778, carta ao
pai)
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(...)
esqueci o frio e a dor de cabeça e a despeito de tudo toquei o teclado como,
exatamente como toco o teclado quando estou com disposição para a coisa! (1778, carta ao pai)
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É
muito difícil, no momento, encontrar poemas adequados à ópera. Os poemas mais
antigos, ainda que eles sejam os melhores, não são adaptáveis ao estilo
moderno, enquanto os modernos são absolutamente insuportáveis, pois a poesia,
exatamente aquilo do qual os franceses sempre se orgulharam, deteriora a cada
dia – e mesmo assim poesia é exatamente a coisa que deve ser boa, aqui, pois de música eles não entendem nada! (1778, carta ao pai)
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Você
sabe que sou envolto pela música – ela está comigo o dia todo, amo estudá-la,
especular sobre ela, refletir sobre ela. (1778,
carta ao pai)
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(...)
o que você quer dizer com “sonhos alegres”? Não deixarei de sonhar, pois não
existe um mortal neste mundo que não sonhe de vez em quanto. Mas sonhos alegres? – sonhos pacíficos, doces,
agradáveis! Isso é exatamente o que eles são – sonhos. Caso eles não fossem
sonhos, mas realidades, eles fariam esta minha vida, com sua muita tristeza e
pouca alegria, menos intolerável! (1778,
carta ao pai)
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Numa
ópera, a poesia deve ser a obediente filha da música. (1781, carta ao pai)
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(...) detesto fazer as pessoas infelizes. (1784, carta ao pai)
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(...) acostumei-me a esperar o pior em todas
as ocasiões. Desde que a morte, quando pensamos nela, é considerada o
verdadeiro objetivo da nossa vida, conheci, durante esses últimos anos, esta
melhor e mais verdadeira amiga da humanidade de uma tal maneira que sua imagem
não reserva nenhum terror para mim, mas sugere, ao contrário, tudo que existe
de mais tranquilizador e consolador. (1787,
carta ao pai)
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Nunca
deito na minha cama sem pensar que – jovem como sou – posso não ver, talvez, um
outro dia – e mesmo assim nem uma pessoa que me conheça pode dizer que sou
melancólico ou triste! (1787, carta ao
pai)
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(...) estou quase sempre à disposição dos
outros, mas cuido muito pouco de mim mesmo. (1787, carta ao Barão Gottfried von Jacquin)
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Não
posso descrever meus sentimentos a você – existe um certo tipo de vazio que me
fere agudamente – um tipo de desejo, nunca interrompido, porque nunca
satisfeito, mas persistindo sempre, não, aumentando dia a dia. (1791, carta a Constanze, sua esposa)
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Não
existe nada mais desejável do que conseguir viver com alguma paz de espírito, o
que quer dizer que devemos trabalhar diligentemente, e estou muito feliz de
fazer exatamente isso. (1791, carta a Constanze, sua esposa)
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