sexta-feira, 11 de setembro de 2015

TEMPERO BRASILEIRO NA CONSTRUÇÃO DE RIFFS DE METAL


METAL BRASILEIRO: TEMPERO BRASILEIRO NA CONSTRUÇÃO DE RIFFS DE METAL

por Alexandre de Orio*


Apresento aqui um pequeno recorte de algumas ideias contidas no meu livro Metal Brasileiro: Ritmos Brasileiros Aplicados na Guitarra Metal. Novos Caminhos para Riffs de Guitarra. Volume 1 – Samba Metal, que em breve será reeditado pela Editora Tipografia Musical, na versão em inglês primeiramente.
         Como o título do artigo sugere, há uma fusão entre a ginga do samba, por causa de seu ritmo muito sincopado, com a agressividade do metal, o que resulta em um “sotaque” diferente. Em algumas turnês pela Europa e contatos com músicos estrangeiros, uma das coisas que sempre comentam e apontam, com grande curiosidade, é esta questão: mesmo num gênero como o metal é possível identificar certa “brasilidade”.
         O tema abordado desta vez, será uma das figuras rítmicas mais executadas no samba, tocada principalmente pelos tamborins,[1] trata-se da célula rítmica chamada telecoteco.
         A primeira dica que dou, é incorporar a frase abaixo, primeiramente solfejando, pois a rítmica está embutida na frase falada. Repare na acentuação das sílabas “te” e “le”, pois originam basicamente essa figura rítmica, enquanto as sílabas “co”, são praticamente uma ghost note.

        


* A escrita do samba em geral é 2/4, porém, muitas vezes optamos aqui por frases em 4/4 por descreverem ciclos quaternários.


APLICAÇÃO

         Agora, mostrarei algumas formas de execução na guitarra utilizando essa figura rítmica. Os exercícios demonstrados aqui são um ótimo estudo de desenvolvimento técnico voltado na execução de riffs de metal e desenvolvimento rítmico.

Palhetada para baixo – todo riff será tocado somente com palhetadas descendentes. Ela exige muita resistência.
Repare que aquela figura rítmica gerada pela acentuação do “te” e “le” (descrita acima) estarão no powerchord de Fá, enquanto todas as outras subdivisões da semicolcheia serão tocadas na nota Mi, da sexta corda solta.
Obs.: Atenção ao abafar as cordas soltas e não abafar a acentuação nos powerchords.
É um ótimo estudo também para iniciantes que estão aprendendo tocar ora abafado ora não. 



Palhetada Alternada – utilizando somente o movimento alternado da mão direita. Aqui as acentuações dos riffs ora caem com o movimento ascendente ora com o descendente. Este é um ótimo treino para conseguir manter a pegada independente do movimento para cima ou para baixo. Preste atenção nisso, para que consiga uma sonoridade uniforme. 



Palhetada Mista (dobrando o ritmo) – aqui há uma mistura dos movimentos, que ora repete a palhetada para baixo, ora a alterna. Este exemplo dá para ser tocado bem rápido e soa brutal. Atenção novamente às notas abafadas e não abafadas. 



Palhetada Tripla – outra forma muito exigida em riff de metal, principalmente no gênero Thrash Metal. Chamo de palhetada tripla por consistir em três toques bem rápidos.





        Numa leitura mais facilitada:
 



      Espero que tenham curtido e incorporado essa figura rítmica bem brasileira! Um próximo passo, e talvez o mais divertido, seria utilizar as propostas acima para o desenvolvimento no processo criativo, portanto, crie o seu próprio riff ou parte de uma música utilizando essas ideias! Até uma próxima dica!


[1] Pequeno instrumento de percussão.

------------------------------------
* Mais informações sobre Alexandre de Orio, visite: 
www.alexandredeorio.com
facebook.com/alexandredeorio
Instagram: @alexandredeorio